Carta Mensal aos Cotistas (Fevereiro/2019)

Esta é a compilação dos índices econômicos em Fevereiro de 2019: A SELIC fechou o mês com rendimento de 0,49%. O CDI fechou o mês com rendimento de 0,49%. O CDB fechou o mês com rendimento de 0,53%. A poupança antiga teve rendimento de 0,50% e a poupança nova teve rendimento de 0,37%. O IBOV fechou com queda de -1,86% enquanto o IFIX teve alta de 1,03%. O Dólar americano Ptax teve alta de 2,37%. O ouro B3 teve alta de 1,94%. O IGP-M registrou inflação de 0,88%.

Em Fevereiro de 2019 a bolsa de valores brasileira quebrou novos recordes chegando pertinho dos tão aguardados 100 mil pontos, mas perdeu o fôlego nos últimos pregões do mês terminando aos 95.584. Em fevereiro, o índice acumulou queda de 1,86%, pior desempenho desde agosto do ano passado, quando caiu 3,21%. Em janeiro, o índice havia subido importantes 10,8%, o que garante que, no ano, o avanço ainda seja de 8,76%.

Do lado doméstico, o elemento de pressão foi o PIB brasileiro divulgado ontem. O indicador mostrou que apostas mais otimistas em relação à expansão da atividade neste ano possam passar por revisão. Analistas ouvidos pelo Valor Econômico mostram frustração com o ritmo da atividade em 2018: na média do ano, a economia cresceu 1,1%, mesmo número de 2017.

“Isso diminui as apostas de que a economia possa crescer mais de 2% neste ano. Força um ajuste negativo para a bolsa, sobretudo depois do otimismo grande que guiou as estimativas de expansão em 2019 para perto de 3%”, afirma Vicente Zuffo, gestor da SRM. “Uma reforma da Previdência boa, com uma boa economia fiscal e um ‘timing’ rápido, pode trazer um choque de confiança no segundo semestre, mas a atividade ainda está patinando.”

Pesou também o risco de desidratação do projeto de reforma da Previdência enviado ao Congresso. Este risco ficou mais evidente quando o presidente Jair Bolsonaro realizou alguns comentários a respeito da reforma. O presidente admitiu a jornalistas em Brasília que a idade mínima de 62 anos para a aposentadoria de mulheres é um ponto passível de mudança no projeto do governo enviado à Câmara.

O dólar foi a melhor aplicação do mês de fevereiro. Tanto  Ptax-BC (+2,37%) performaram melhor que outras aplicações. O euro comercial também foi bem no segundo mês de 2019, valorizando 2,04%. Confira os principais indicadores…

indices economicos fevereiro 2019

Estes dados são compilados pelo portal Valor Data e podem ser encontrados sempre atualizados nesta página.

Carta Mensal aos Cotistas

Apesar dos juros baixos da economia, os investidores brasileiros de varejo ainda não abandonaram a velha caderneta de poupança em 2018. O volume aplicado na poupança pelos investidores de varejo cresceu 10,0% em 2018, mais do que os 8,8% de 2017. A caderneta ainda representa 40% dos recursos investidos pelo varejo, principalmente entre as pessoas físicas de menor renda (varejo tradicional), onde chega a quase 65% do total dos investimentos.

investimentos 2019

Fonte: Seu Dinheiro

Porém, nos segmentos de renda elevada – varejo alta renda e private – os investidores deram continuidade ao movimento de diversificação e busca por aplicações de maior risco. Os fundos de renda fixa detêm a maior participação, de quase 36% do volume de investimentos. O destaque no varejo alta renda em 2018 foi o aumento da participação dos multimercados no volume total investido, de 7,8% para 9,6%.

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Fonte: Seu Dinheiro

Os recursos dos ricos estão mais concentrados nos fundos multimercados. Estes e os fundos de ações foram os únicos cuja participação cresceu no segmento no ano passado. Os maiores crescimentos em volume no ano passado se deram nos fundos cambiais, fundos de ações, debêntures e previdência aberta, nesta ordem. Destes, apenas as debêntures cresceram mais que no ano anterior. Elas vêm se destacando cada vez mais entre os investidores mais abastados. Já a previdência aberta é muito usada para planejamento tributário e sucessório, e pode ganhar fôlego, segundo os representantes da Anbima, caso os fundos exclusivos passem realmente a ser tributados.

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Fonte: Seu Dinheiro

Bolsa Pode Subir 50% Neste Ano

Apesar de “desidratação” ser a palavra da moda no mercado financeiro, o mercado segue otimista com os primeiros sinais de recuperação econômica e com o avanço da proposta da reforma da Previdência na Câmara. Na opinião de Guilherme Abbud, CIO e portfolio manager da Persevera Asset, o ambiente está favorável, as empresas vão surpreender os investidores e a bolsa pode subir 50% neste ano. Para se ter ideia, em 2018 a bolsa fechou o ano com alta de 15,03% e, em 2017, a alta foi de 26%.

Em entrevista ao programa Papo com Gestor no portal Infomoney, o gestor afirmou que está bastante otimista com a Bolsa, mas por um motivo diferente do que o de boa parte do mercado. “Nosso otimismo está muito mais ligado à recuperação da margem de lucro das empresas [do que somente com a reforma da Previdência], ou seja, no tamanho da mudança ou reinvenção dos balanços e dos processos de gestão das empresas”, disse.

Segundo ele, as empresas vão mostrar que têm capacidade e voltarão a produzir mais lucro a cada real adicional de receita, seja por conta de desalavancagem financeira ou pela queda dos juros. Abbud também acredita que o PIB dificilmente crescerá mais que 1,5% e que a inflação irá surpreender mais uma vez para baixo, ficando abaixo de 3,5%. Ele explica que apesar do Banco Central ter sinalizado que não haverá cortes no curto prazo, as reformas não serão suficientes para destravar a economia – sinalizando a demanda de um estímulo monetário maior.

Bolsa Pode Subir 500% nos Próximos Anos

O ciclo de alta da Bolsa de Valores no Brasil pode ser longo na opinião de alguns dos principais gestores de ações do país. João Braga, gestor da XP Asset, afirmou em webinar que o mercado acionário vive um “ciclo transformacional”.  Para ele, os múltiplos mostram que as empresas têm espaço para valorização, principalmente levando em consideração o cenário de juro baixo. “Fazendo uma conta simples de múltiplos, vemos que a Bolsa não está cara”, disse Braga. “Se as reformas saírem, podemos ter um ciclo de alta longo, como aconteceu entre 2003 e 2008”, acredita o gestor.

Entre 2003 e a metade de 2008 o Ibovespa subiu 530%, passando de 11 mil pontos para 73 mil pontos. Só em 2003 o índice quase dobrou de valor (alta de 97%). “O investidor que pensou que a Bolsa estava cara no final de 2003 perdeu a valorização de 2004, 2005, 2006, 2007 e metade de 2008”, lembrou.

Na opinião do gestor da XP Asset, um dos pontos que indica a possibilidade de crescimento da Bolsa é o baixo nível de utilização da capacidade instalada, tanto da indústria quanto do setor de serviços. Isso quer dizer que as empresas já fizeram investimentos, mas não estavam utilizando todo seu potencial por falta de demanda. Com o aumento da demanda, as receitas tendem a subir com força. Como os investimentos já foram feitos, o lucro dispara.

Também participaram do webinar os gestores Florian Bartunek (Constellation Asset) e Henrique Bredda (Alaska Asset). Florian lembrou que a lucro das empresas voltando a crescer é o melhor indicativo de que a recuperação está em andamento. Para ele, o desempenho da Bolsa vem dos resultados das companhias. E eles estão crescendo. O gestor frisou que as empresas estão se recuperando, tanto por conta dos ajustes operacionais quanto por conta do efeito da queda dos juros no resultado financeiro das empresas.

Bredda destacou que o bom momento da Bolsa  é a continuidade de uma transformação iniciada em 2016. Para ele, a partir do impeachment de Dilma Rousseff e o início da mudança política, deu-se início a uma reversão. “Naquele momento, as empresas estavam com valuations completamente ‘estragados’. Em 2016 algumas já começaram a se recuperar. Em 2017, a recuperação foi mais concentrada em empresas de commodities. E em 2018 e 2019 estamos vendo uma recuperação generalizada”, afirmou o gestor da Alaska.

1 comentário em “Carta Mensal aos Cotistas (Fevereiro/2019)

  1. Sequoia Responder

    Como sempre, muito bom resumo dos acontecimentos do mês. Acredito sim que a bolsa possa subir bastante, mas antes disso devemos passar por um período lateral ou até de correção. São muitas incertezas ainda.
    Valeu!

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